07-11-2007-Visita ao Garimpo Real

Tivemos a oportunidade de conhecer a atividade de Garimpo ( www.garimporeal.com ) com era feito no passado. Belmiro de uma família de garimpeiros tem feito um trabalho de divulgar desta atividade para os turistas. No local do garimpo conhecemos o Sr. Ida, garimpeiro que tem nesta atividade o seu sustento. Pedimos para o Belmiro descrever os processo e abaixo o texto feito por ele.

O funcionamento do garimpo real, na sua forma mais original que é a maneira artesanal de extrair da natureza, o que ela tem de mais precioso, sem agredi-la ou machucá-la.Vale a pena conhecer o típico e pitoresco desse trabalho à moda primitiva. Quando a barra do dia vem apontando, já se encontra na faisqueira (local de trabalho do garimpo) ou a caminho dela, o incansável garimpeiro, que se deita com as galinhas e com elas se desperta. Duas são as modalidades principais do serviço de mineração: o das jazidas baixas, efetuado nos cursos dágua e em seus depósitos aluvionários e cuja última fase consiste na lavagem do minério, chamado cascalho; e o das jazidas altas ou de chapadas “as chamadas GRUPIARAS”, a cujo minério, encontrado em camadas mais ou menos profundas, e que se apresenta sob a forma de massa, os mineiros dão o nome de barro, gorgulho, sopa ou paçoca, conforme o estado pasto ou friável e a quantidade de seixos que contém. Para verificar se o terreno é virgem ou foi lavrado, bem como a profundidade de terra que encobre o cascalho ou gorgulho, aplica a “vara de sondar”, fina e comprida verga de aço. Transposta a camada de terra inútil, ela resiste se o terreno é virgem, continuando a enterrar-se piçarra adentro se lavrado (onde não há mais possibilidade de se encontrar diamantes). Determinado o prumo (frente de trabalho) é para lá conduzida a “quicaia”, conjunto de ferramentas indispensáveis como sejam: “labancas”, picaretas, “frincheiros”, enxadas, cacumbus, carumbés, bateias, ralos e peneiras.A pequena distância, improvisa-se um rancho – beira-no-chão, onde se guarda as ferramentas e onde se “quenta” o caldeirão da bóia. Desde que o material diamantífero pelos rudimentares processos empregados, se vai despojando da terra e das pedras grandes, começa a aparecer as formações, chamadas satélites do Diamante, as quais pela sua quantidade e natureza , marcam o nível de esperança do garimpeiro. São as principais: cativo (de cobre ou de ferro), agulha (lisa ou chumbada), fava (de cobre, branca, azulega), esmeril preto, gesso, linha de cristal, osso de cavalo, cabeça de macaco, caco de telha, ganga, sericória, palha de arroz, polme ruivo ou orogó, tinteiro ( preto reluzente, parecendo pólvora ), pedra Santana, ovo de pombo, olho de peixe. Em certos serviços, uma “pinta de ouro” é também formação para diamante. Um dos sistemas que o garimpeiro faz para processar o material tirado das grupiaras, é o uso de uma espécie de bica larga posta na correnteza, em lugar alto, de modo que provoque uma queda dágua ou em lugar seco, onde a água possa ser levada por meio de canais ou regos. Este sistema é chamado de Canoa. Há duas espécies de “lavagens”, processo final na extração do diamante. Primeiro, por meio de bateias. Este, por ser muito moroso, quase só é usado nos serviços de ouro. Segundo, por meio de peneiros. O conjunto, chamado “terno”, compõe-se três peneiros: o grosso, o meão, e o fino, que são batidos na ordem citada. Ajeitados são levados para o poço ou lavadeira, onde os garimpeiros fazem um movimento espetacular, concentrando os materiais mais pesados no fundo e assim levam o diamante para o centro da peneira (por ser mais pesado), para que no momento de emborcar esta em uma banca de apuração (um lugar exclusivo, limpo e plano), este seja visto quase que imediatamente. Outro sistema já quase em extinção, é o processo chamado de BOA. O garimpeiro usa uma ferramenta muito curiosa, mais parecida com uma comprida enxada, que recebe o nome de goiva. Até o seu cabo precisa ser tirado na lua certa, pois caso contrário não dá ao garimpeiro, a posição correta de cunhar esta ferramenta e com ela exercer sua atividade, que consiste na arte de deslizá-la sobre as águas, fazendo com que ela atinja a distância necessária para buscar o material de seu interesse do fundo do rio, trazendo na muita das vezes diamantes e ouro. O garimpeiro trabalha na maioria das vezes sozinho, só recorrendo a outro, quando o trabalho pesa, ou seja, fica mais difícil. E claro que nem sempre é feliz em suas explorações, sem contar os casos em que a lavagem “nega”, principalmente nos serviços de rio, que ao chegar ao fundo costuma encontrar “lavrado”, lugar já explorado por outro. Assim é a vida do garimpeiro, difícil, mas muitas vezes chega a ser poética, e que em pouco tempo, não será mais que uma figura de lenda.

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